Na última sexta-feira (8), uma denúncia grave foi registrada no Ministério Público do Espírito Santo (MPE-ES) trazendo à tona uma situação alarmante envolvendo a Lagoa do Meio, em Marataízes. De acordo com o Termo de Informação, protocolado sob o número 2024.0028.0440-23 pela 2ª Promotoria de Justiça Cumulativa de Marataízes, toneladas de um material, possivelmente Calcário ou mesmo Cal, foram flagradas em processo de preparação e despejo na lagoa. Veja vídeo abaixo.
O relato, feito pelos jornalistas, descreve o flagrante realizado durante uma visita ao local. Segundo eles, uma moradora revelou que a Prefeitura lançaria calcário na Lagoa do Meio. No local, os jornalistas observaram uma equipe de funcionários de uma empreiteira realizando a dissolução de calcário em grandes caixas d’água, com o uso de canos de PVC e uma Motobomba, para então lançar a mistura na lagoa.
Além disso, o flagrante incluiu uma série de equipamentos e insumos, como sacolas de aproximadamente uma tonelada de Calcário/Cal, caminhões pipa com água misturada ao produto, uma canoa para navegação, máquinas escavadeiras para o transporte das sacolas e uma equipe contratada para as operações de armazenamento e distribuição do material. Também foi registrada a chegada de uma carreta carregada com toneladas do produto, pronta para ser descarregada.
Os jornalistas, que já haviam realizado uma reportagem sobre a mortandade de peixes na lagoa, mencionaram que, segundo especialistas consultados, o despejo de calcário representa um grave crime ambiental, ameaçando não apenas a fauna aquática, mas também a vegetação nativa da região.
Diante das evidências, o Ministério Público foi acionado e estuda solicitar, nesta segunda-feira (11), a suspensão imediata da atividade de despejo de calcário na Lagoa do Meio. A denúncia também será encaminhada pela equipe de reportagem à Comissão de Meio Ambiente da Câmara Municipal de Marataízes e à Assembleia Legislativa do Espírito Santo, para que sejam tomadas providências adicionais e para que o caso receba a devida atenção das autoridades ambientais competentes.
Mortandade de peixes – Em 21 de outubro, nossa equipe de reportagem publicou uma matéria sobre a mortandade de peixes na Lagoa do Meio, conhecida como “Pinicão de Marataízes” devido a problemas sanitários recorrentes. Moradores denunciaram a presença de substâncias semelhantes ao Cal na água, o que, segundo eles, estaria causando a morte de diversas espécies aquáticas. Um vídeo gravado por um dos residentes mostra peixes mortos na superfície, gerando indignação entre a população.
Luciano Sansão, engenheiro agrônomo e pós-graduado em gestão ambiental pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), explicou que o uso de cal pode ser uma tentativa de reduzir a turbidez da água. No entanto, a dosagem incorreta representa um grave risco ambiental, pois pode exterminar a fauna da lagoa e deve ser denunciada. Segundo ele, o problema central reside no excesso de nitrogênio e fósforo provenientes de esgoto, o que requer, prioritariamente, a remoção desses poluentes.
“O cal é usado para aumentar o pH ou diminuir a acidez, melhorando a transparência da água… porém, será inútil diante do esgoto que ainda é despejado diretamente na lagoa. O uso descontrolado de cal pode causar a morte de peixes e invertebrados, além de contaminar o lençol freático da região. Fica o alerta para as pessoas que possuem poço artesiano na região da lagoa: devem evitar o consumo da água,” finalizou.
Vídeo:
Fotos:
(DA REDAÇÃO \\ Guto Gutemberg)
(INF.\FONTE: Guto Gutemberg e Fabiano Peixoto \\ Rede LeR \ Capixaba News)
(FT.\CRÉD.: Rede LeR-Capixaba News \\ Divulgação)