Com todas as licenças ambientais emitidas pelo Ibama, início das obras do Porto Central, em Presidente Kennedy, litoral Sul do Estado, começam nesta quarta (4)
Anúncio que vem sendo aguardado há quase 10 anos foi dado nesta segunda-feira pela gerência comercial do Porto Central: as obras de instalação do empreendimento portuário começam nesta quarta-feira (4). A primeira fase das obras vai contemplar a construção da infraestrutura portuária necessária para acomodar um terminal de granéis líquidos de águas profundas.
O terminal será dedicado ao transbordo de petróleo entre navios (ship-to-ship) para operações com embarcações de grande porte, como os Very Large Crude Carriers (VLCCs), que têm capacidade de carga de 1,5 milhão a 2,4 milhões de barris. O foco é atender a extração do pré-sal na região da Bacia de Campos, no Norte do Rio de Janeiro.
Essa fase vai consumir um investimento de R$ 2,6 bilhões, algo em torno de 20% do total previsto para o porto, orçado em R$ 16 bilhões. No pico das obras da Fase 1 devem ser empregados até 1.295 trabalhadores diretos, sendo a meta que 70% seja proveniente da mão de obra local. O projeto é liderado pela TPK Logística com Polimix e 70% dos investimentos serão provenientes de terceiros. Por questões de confidencialidade, a administração do porto não divulgou nomes de parceiros com contratos já assinados para o início das operações.
O cronograma da primeira fase prevê a conclusão das obras até meados de 2027, com início das operações em dezembro de 2027. As etapas incluem a conclusão da supressão vegetal, seguida pelas obras civis de terraplanagem e implantação do canteiro de obras. Também estão previstas a produção, transporte e armazenagem de rochas para o quebra-mar sul, a instalação da central de fabricação dos elementos de concreto e a dragagem do canal de acesso.
A primeira intervenção será a supressão vegetal, com a remoção de cerca de 65 hectares, parte de um total de 2 mil hectares licenciados para o projeto. O resgate de fauna terrestre, iniciado em novembro de 2024, integra o plano ambiental e inclui parcerias com instituições como o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), campus Alegre, e a realocação de espécies em áreas protegidas.
O plano do complexo portuário localizado em Presidente Kennedy, no litoral Sul do Estado, abrange uma área de 2.000 hectares, com profundidades marítimas de até 25 metros, e 54 berços destinados a operações que vão além do setor de petróleo e derivados. O projeto foi planejado para acomodar terminais e indústrias multipropósitos, incluindo movimentação e armazenagem de granéis líquidos (como bunker e combustíveis), granéis sólidos, grãos, fertilizantes, minerais, contêineres, cargas gerais, gás natural, apoio offshore e estaleiros.
Reconhecido como um projeto estruturante e prioritário no Espírito Santo e parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal, o Porto Central conta com uma localização estratégica no centro da costa brasileira próxima às bacias do Pré-sal, aos principais mercados e às principais rodovias e ferrovias, o que coloca o empreendimento em posição de destaque no cenário nacional.
“O Porto Central será um complexo portuário multiuso, com forte enfoque na sustentabilidade, que será capaz de atender às demandas mais otimistas de crescimento econômico do Brasil, fortalecendo a competitividade nacional, gerando empregos e renda, impulsionando oportunidades e novos negócios e melhorando a posição do país no ranking de infraestrutura portuária em relação a outros países no mundo”, declarou o CEO Salomão Fadlalah.
Ainda segundo a direção do Porto Central, o projeto posiciona-se estrategicamente no contexto logístico nacional, atendendo à crescente demanda por infraestrutura portuária moderna e eficiente. “Estamos prontos para contribuir com o desenvolvimento do setor portuário brasileiro e a crescente demanda para exportação de petróleo, oferecendo capacidade adicional para exportação de petróleo e reduzindo custos logísticos”, afirmou o diretor Angelo Santos.
Outro diferencial é sua integração com a malha logística nacional. Além do modal rodoviário já consolidado, existem projetos para conectar o porto à Ferrovia EF-118, que ligará o Espírito Santo ao Centro-Oeste com as ferrovias existentes EFVM e FCA, e à EF-352, planejada para expandir as rotas de escoamento de cargas agrícolas e industriais.
Energias renováveis
Com a obra prestes a começar, o Porto Central já articula os próximos passos para consolidar sua posição estratégica no setor portuário brasileiro. Segundo a gerente comercial Jessica Chan, além do transbordo de petróleo viabilizado para a Fase 1, o complexo portuário está estruturado e licenciado para permitir expansões futuras e a diversificação de operações.
“Já estamos em negociação e com estudos técnicos necessários para o desenvolvimento dos próximos terminais, em destaque o estaleiro de descomissionamento e reciclagem sustentável de navios em parceria com a M.A.R.S e um hub de movimentação de contêineres que será capaz de receber navios de até 25.000 TEUs”.
O Porto Central se posiciona como uma infraestrutura estratégica para integrar operações de energias renováveis, como parques solares e eólicas offshore, e para apoiar estratégias de descarbonização e transição energética, incluindo projetos ligados ao hidrogênio. Seu desenvolvimento será implementado em fases, alinhado às demandas do mercado e às necessidades dos clientes, garantindo flexibilidade, eficiência e alinhamento estratégico ao crescimento do empreendimento.
A localização privilegiada no centro da costa brasileira, em águas profundas, próximo aos grandes centros produtores do Brasil e um mercado com mais de 100 milhões de consumidores, consolida o complexo como um hub global para diversos negócios, capaz de receber os maiores navios do mundo. Isso coloca o projeto na vanguarda, em destaque como um dos maiores e mais importantes projetos portuários do país do momento.
O consultor Durval Vieira de Freitas, que acompanha de perto os projetos de infraestrutura no Espírito Santo, reforça a importância do início das obras. “É muito importante para o Espírito Santo e, especialmente, para a região Sul do Estado, que está sem perspectivas de investimentos alternativos. O porto vai proporcionar isso porque vai fortalecer toda a infraestrutura industrial, e isso vai servir como base para atração de novas empresas. Os investimentos nessa região são grandes, mas são petróleo no mar, não em terra, e o complexo portuário transforma essa riqueza do mar para a terra, traduzindo em emprego e renda”.
(DA REDAÇÃO \\ Guto Gutemberg)
(INF.\FONTE: Kikina Sessa \\ Capixaba News)
(FT.\CRÉD.: Internet \\ Divulgação)