Empresa estadunidense de semicondutores quer instalar fábrica na República Tcheca
Uma cidade de pouco mais de 16 mil habitantes na República Tcheca pode dar uma vantagem considerável à Europa na guerra dos chips. Em junho, a empresa de semicondutores estadunidense Onsemi escolheu Rožnov pod Radhoštěm para ser lar de fábrica produtora de chips para carros elétricos e para a indústria de energia limpa.
Com a instalação por lá, a fábrica vai gerar empregos, mão de obra qualificada e ainda colocar a Europa em posição vantajosa na guerra dos chips, diminuindo sua dependência dos Estados Unidos.
República Tcheca terá fábrica de chips
O investimento da Onsemi na cidadezinha de Roznov foi de US$ 2 bilhões (R$ 10,81 bilhões, na conversão direta). O plano é construir hub de chips destinados à indústria de carros elétricos e de energia renovável. Um contrato de fornecimento para a Volkswagen já foi assinado.
Segundo a Bloomberg, o investimento na cidade é bem menor do que em outros locais da Europa, mas tem potencial para mudar tudo por lá. Isso porque, além da nova infraestrutura e geração de empregos, os funcionários também participarão no desenvolvimento de tecnologia.
A expectativa é que 2,2 mil trabalhadores possam fazer dez milhões de chips por dia para os setores automotivos, industriais e de telecomunicações, que poderão servir empresas, como Apple, Samsung, Mercedes-Benz e BMW. No entanto, o início é lento:
- Antes de a fábrica começar a funcionar, a cidade precisará construir escolas, hospitais e moradia para abrigar a nova força de trabalho;
- O prefeito Jan Kucera estima que serão de 300 a 400 novos apartamentos construídos para essa demanda, além de US$ 85 milhões (R$ 459,6 milhões) em investimentos em parques, estradas e outros serviços;
- Nos primeiros sete anos de funcionamento, a Onsemi prevê a criação de apenas 800 empregos na cidade;
- Ainda assim, as expectativas são positivas: a empresa projeta receita de US$ 1,2 bilhões (R$ 6,48 bilhões), a partir de expansão focada na produção de semicondutores de carboneto de silício de alta capacidade.
Europa entra na guerra dos chips
A guerra dos chips ficou marcada pelas disputas entre Estados Unidos e China no setor dos semicondutores, os “chips”. A busca não é só pela tecnologia, mas, também, pelos insumos necessários para a produção e pelos clientes.
Com a instalação da fábrica na República Tcheca, a Europa entra na briga. Jozef Sikela, Ministro da Indústria e do Comércio no país, foi direto sobre a importância do projeto:
Semicondutores são a espinha dorsal da economia moderna. Quanto mais dessas tecnologias podermos produzir nacionalmente, melhor para a segurança de nossa economia.
Jozef Sikela, Ministro da Indústria e do Comércio da República Tcheca, à Bloomberg
O plano da Onsemi é que o desenvolvimento e a produção completa dos chips aconteça em Roznov, em vez de ser dividida entre diferentes localidades, tornando a cidade ainda mais estratégica para o setor de semicondutores (e, consequentemente, ganhando posição de destaque).
Para a Europa, isso significa que os chips que alimentam os carros elétricos serão produzidos “em casa” (a República Tcheca faz parte da União Europeia [UE]). Além de promover a própria economia, o conhecimento fica na região e a tecnologia não precisará mais ser importada.
De acordo com Helena Horska, economista-chefe da unidade tcheca do Raiffeisen Bank International AG e conselheira do primeiro-ministro local, a instalação também diminui a dependência da UE de componentes e commodities importados.
Além disso, também protege a região contra possíveis oscilações de preços e sanções chinesas (na guerra dos chips, EUA e China têm histórico de aplicar restrições uma à outra).
Próximo capítulo da guerra dos chips assusta moradores
A Onsemi, o governo da República Tcheca e representantes da UE ainda estão discutindo o projeto, incluindo de onde virão os investimentos. Se tudo der certo, o plano é que a construção comece no ano que vem, a partir de uma instalação já existente em Roznov. Já os moradores da cidade têm dúvidas sobre os benefícios do empreendimento.
Ivana, mulher que conversou com a Bloomberg e não quis dizer seu nome completo, se queixou de dificuldade na infraestrutura local, como achar dentista para os filhos pequenos. Depois da instalação, com ainda mais gente na cidade, como fica? Ela sabe que o investimento é bom, mas teme os impactos para a população.
(DA REDAÇÃO \\ Guto Gutemberg)
(INF.\FONTE: Vitoria Lopes Gomez \\ Olhar Digital)
(FT.\CRÉD.: IA via DALL-E/Vitória Gomez \\ Divulgação)